Em pauta!

sábado, fevereiro 27, 2016

Análises em Geral - parte #87: quando veio Capcom vs SNK...


Na época, um sonho se realizava...

No distante ano de 1999, as maiores produtoras de fighting games na ocasião resolveram unir as suas forças, em prol de algo com o qual os fans deste estilo de entretenimento já sonhavam há algum tempo. Tratava-se, logicamente, da Capcom (Street Fighter, Cyberbots, Darkstalkers, dentre vários) e da SNK (Fatal Fury, Samurai Spirits, The King of Fighters, entre outros), que selavam um acordo que prometia abalar o universo dos jogos de luta até então. A ideia, diretamente, era produzir o até então aclamado "maior crossover de todos os tempos", sendo o projeto de tal batizado inicialmente de Capcom vs SNK.

Um dos pontos de atenção em tal negociação estava no direcionamento que cada empresa teria, nesta ousada empreitada. A Capcom iria produzir a versão oficial para arcades (fliperamas) e para o Dreamcast. Por sua vez, a SNK trabalharia nas versões do crossover para os console portátil NeoGeo Pocket Color e, futuramente, estimava-se que um jogo desta aliança (com base em suas qualificações técnicas e de enredo) também aparecesse para os consoles aclamados da época (Dreamcast e PlayStation 2 entre eles). Para tanto, cada uma destas gigantes cedeu todo o seu rico acervo de personagens e séries (uma à outra) para, enfim, produzir o tão aguardado jogo de luta (e seus derivados).

A SNK fez aquilo que muitas pessoas duvidavam que se sucederia tão bem. O jogo SNK vs Capcom, para o NeoGeo Pcket Color, teve uma versão de luta chamada Match of the Millennium (a qual disponibilizava uma troca de pontos com o jogo feito pela Capcom, para Dreamcast, visando destravar secrets como os personagens extras), possuindo uma boa gama de personagens e possibilidade de três modos de luta (um contra um, duplas e trios). Além deste, uma versão de cartas (estratégia) chamada Card Fighters Clash também foi motivo de alegria para o portátil da NeoGeo. Ambos foram lançados ainda no último trimestre de 1999.

Saudações entre duas duplas memoráveis.

A versão da Capcom, que é o foco deste post, foi lançada em setembro de 2000 e, dois meses mais tarde, acabou apartando no Dreamcast. Desnecessário aqui enfatizar que Capcom vs SNK: Millennium Fight 2000 superou inúmeras expectativas, por mais que tenham existido questões negativas à serem ponderadas. A união de alguns dos jogos de luta mais amados de todos os tempos, enfim, iria se concretizar. Este humilde blogueiro demorou um tempo para aproveitar o jogo, mas a razão para tanto você lerá mais adiante, nobre visitante.

Em si, o crossover entre Capcom e SNK tentou agradar à gregos e troianos de todas as formas possíveis. E tudo teve início em sua concepção de arte. O visual em miniaturas/ícones dos personagens possuíam trabalhos feitos pelos artistas tanto da Capcom, como também da SNK. A alternância se dava no momento em que você selecionava o groove (estilo para desferir os super combos/special arts de cada lutador), ou seja, predominava a arte da Capcom ao selecionar o groove dela (e a arte da SNK é que ditava as normas, se o groove desta fosse o escolhido). Este dado realmente acabou sendo de um imenso e irrefutável agrado.

Entretanto, no que se tratava da arte da Capcom (ao escolher o groove dela), dois modelos diferentes eram possíveis de serem vistos. Isto porque os desenhos dos personagens da SNK foram feitos por um artista, enquanto que os da Capcom tinham o design vindo das mãos de outro profissional. Este é um dado curioso e que adicionou ainda mais qualidade/exuberância ao trabalho final, no todo. No geral, esta característica do jogo acabou agradando os fans mais assíduos de ambas as gigantes dos jogos de luta.

Iori Yagami em ação no jogo (Dreamcast).

O funcionamento dos grooves eram básicos. O da Capcom era baseado no Z/A-ISM de três níveis, vindos diretamente de Street Fighter Zero/Alpha 3, com especiais variáveis em força de acordo com o acúmulo na barra para o uso. Por sua vez, o da SNK vinha diretamente do The King of Fighters'94, onde você podia carregar a barra única para uso (no caso para um especial de nível mínimo ou então máximo, este no caso de sua vitalidade estar perto do fim), ou então fazer uso de especiais mínimos no caso de sua energia (na barra de vital) estar piscando (ou seja, quase no fim). De toda a forma, tinha-se nisto um balanceamento que acabou sendo questionado no lançamento do jogo, pela falta de maiores alternativas quanto à escolha dos grooves.

Nisto, vem a lista final de combatentes selecionáveis no jogo. Basicamente, se o nome do mesmo fosse Street Fighter versus The King of Fighters não seria errado na totalidade, pois (com exceção à duas contestantes) a Capcom fez uso total destas duas franquias para selecionar os personagens. No total, trinta e um personagens formavam o plantel para as lutas, sendo dezesseis da Capcom e quinze da SNK. Deste montante, cinco combatentes eram secretos. Em si, todos os listados no jogos foram divididos em três ratios que, na época, foi uma atribuição dada à força dos lutadores em si.

Com base no descrito acima, era possível uma luta de quatro personagens contra dois, por exemplo (seria um time com quatro de ratio #1 ante uma dupla com um de ratio #3 e um de ratio #1). Embora existisse tal balanceamento, o mesmo não agradou na totalidade os ardorosos fans. Com base nisto, o jogo para Dreamcast acabou recebendo uma modalidade na qual todos os personagens eram de ratio #2, trazendo a possibilidade de combates mais nivelados. Os chefes finais eram Vega/M.Bison (o eterno líder da Shadaloo) e Gesse Howard (por parte da SNK). Os ditos personagens secretos, que eram destravados com compra usando dos pontos conquistados durante o jogo, contemplavam nomes como o da Morrigan (Darkstalkers), Nakoruru (Samurai Spirits), Evil Ryu (Street Fighter Zero/Alpha 2), Akuma (Super Street Fighter II Turbo) e Orochi Iori (The King of Fighters'97).

As aparições de Morrigan e Nakoruru (Dreamcast).

Partindo disto para a jogabilidade em si, que é o real ponto de impacto, pode-se aqui exclamar que o jogo foi muito bom em alguns pontos e falhou em outros. Personagens como Ryu, Ken, Chun Li, Kim, King e Vice ficaram muito bons. Estes não foram os únicos, mas ressalta-se que os combos com tais combatentes se encaixavam mais facilmente, por exemplo. Por outro lado, personagens da SNK (como a Mai e o Kyo) perderam muito poder de eficácia em seus golpes, em especial a jovem Shiranui. Isso é aplicável à outros contentores, claro, mas estes exemplos citados realmente chamaram à mais a atenção.

Mas, no âmbito geral, mesmo as partes negativas citadas não atrapalharam em demasia a boa experiência que se tinha com Capcom vs SNK: Millennium Fight 2000. Contudo, este jogo não teve uma versão para o PlayStation 2. No lugar a Capcom lançou, em agosto de 2001, Capcom vs SNK: Millennium Fight 2000 PRO, diretamente para o PlayStation One (teve também uma versão para Dreamcast). No console da Sony, que já vivia os seus últimos momentos de vida, o jogo foi adaptado de uma maneira que pudesse usar o máximo possível da capacidade do mesmo (enquanto que, no console da Sega, manteve-se toda a qualidade conhecida somando a adesão de dois novos personagens, também presentes no sistema da Sony).

Nesta adaptação citada acima, o jogo contou com um ponto que testou, em muitos casos, a paciência dos jogadores. Isto porque, no PlayStation One, Capcom vs SNK acabou usando e abusando dos tempos de carregamento (os famosos load times). Tecnicamente, os gráficos tentaram ser os mais fiéis possíveis com relação à versão para o Dreamcast, embora fosse notória a pixelização e o baixo frame rate dos personagens em ação. Falando nos combatentes, os novos integrantes do jogo (tanto no PlayStation One como no Dreamcast) foram Dan Hibiki (Street Fighter Zero/Alpha) e Joe Higashi (Fatal Fury), já presentes na seleção de personagens sem a necessidade de serem liberados (como secrets).

 Imagens de Capcom vs SNK: Millennium Fight 2000 PRO (PlayStation One).

Levando em consideração que ninguém imaginava uma versão deste jogo saindo justamente para o PlayStation One, pode-se dizer que a surpresa foi muito grata, extremamente bem-vinda e quem nem tais pontos negativos chegaram a afetar a recepção do mesmo. Inclusive, foi justamente graças à tal versão que este humilde blogueiro pôde desfrutar mais do jogo em pauta, uma vez que antes isso era possível de maneira bem esporádica no Dreamcast (graças as famosas casas de games, sendo esta uma verdadeira febre geral na época). Por mais que o jogo tenha perdido em qualidade técnica e visual em sua versão PRO no console da Sony, a verdade é que a mesma divertiu bastante e teve um bom valor para a época.

Nobre visitante, de uma maneira bem incisiva e direta, Capcom vs SNK: Millennium Fight 2000 foi um jogo que soube marcar época. O sonho de muitos, que se baseava em ver Ryu contra Kyo, Mai ante Chun Li ou Ken versus Terry, além de tantos outros embates possíveis, enfim estava sendo realizado. Não houve a perfeição, infelizmente, mas a consagração de um título esteve presente de maneira bem nítida. E a versão para PlayStation One veio em um momento muito bom, uma vez que o Dreamcast tinha todos os fatores técnicos ao seu favor (e com respaldo para tanto).

O que vale, acima de tudo, é a lembrança.

Mais imagens...



PlayStation One - Joe Higashi e seu especial ante o Ryo Sakazaki...


Dreamcast - Mai Shiranui em combate...


Dreamcast - Blanka e um suco após a vitória ante o Kim...


Dreamcast - Mai Shiranui preparará uma surpresa...


Dreamcast - Telas de vitória, nas versões norte-americana e japonesa do jogo...

Até a próxima!

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Um comentário:

  1. Gosto bastante desse crossover , os gráficos são lindos e a possibilidade de ver personagens da Capcom com gráficos da SNK é show , claramente os personagens da Capcom tiveram vantagem na jogabilidade , mas é um jogo pra quem gosta de jogo de luta mais que recomendado !!!!!

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